O poder da audição sobre a visão

O som na vida humana

A audição é um dos cinco sentidos do ser humano e também é o primeiro a se desenvolver no corpo humano, geralmente por volta da 12ª semana após a concepção, quando o feto humano já tem a capacidade de perceber algumas vibrações sonoras.

Uma vez que a pessoa nasce e o ouvido externo, médio e interno estão formados, a audição pode ser descrita como um processo fisiológico no qual as ondas sonoras entram no canal auditivo, atingem o tímpano e o fazem vibrar.

O som é então transmitido através dos ossículos para o ouvido interno, onde as vibrações do estribo movem o fluido na cóclea, e as mudanças alternadas de pressão fazem a membrana basilar com o aparelho de Corti mover as células ciliadas. Uma vez que as células ciliadas sensoriais são estimuladas, os impulsos são enviados pelo nervo auditivo para o cérebro para processamento. 

A audição em adultos é caracterizada por sua alta sensibilidade tanto em frequência quanto em intensidade, que é paradoxalmente maior do que no caso da visão.

Normalmente, pessoas que ouvem e veem são capazes de distinguir cerca de 1300 tons, mas apenas cerca de 150 tons de cores.

 

A habilidade de ouvir não apenas tons separados, mas também intervalos sonoros, como quartas, quintas ou oitavas, e acordes (usados, por exemplo, na música), torna a audição única.

Outra característica interessante da audição é seu caráter omnidirecional.

Não podemos fechar nossos ouvidos como fechamos nossos olhos e somos capazes de ouvir fontes sonoras que podem estar situadas atrás ou acima de nós, mesmo sem vê-las. E não apenas ouvimos, mas também podemos localizá-las usando pistas binaurais e monaurais.

 

 

A audição, como um processo fisiológico, é apenas uma ação passiva, resultado do nosso sistema auditivo. O aparelho auditivo também é muito semelhante de pessoa para pessoa. Ainda assim, temos nossas preferências em estilos musicais ou habilidades em entender idiomas.

É graças a um processo cognitivo chamado escuta que segue o caminho no cérebro assim que a informação auditiva chega. A escuta é, portanto, uma ação ativa que requer nossa cognição e pode ser consciente ou subconsciente, concreta ou abstrata, intuitiva ou conceitual.

Característico dos processos cognitivos é o uso de conhecimento existente que leva a um novo conhecimento. Em relação às investigações sonoras e do ambiente sonoro, a memória acústica afeta significativamente nossos julgamentos e emoções também.

A Paisagem Sonora

O ambiente criado pelo som, chamado de “paisagem sonora” ou “soundscape”, pertence às características significativas da vida humana. A paisagem sonora é constituída nos encontros diários entre os ouvintes e os sons que os cercam. Portanto, para estudar a paisagem sonora de um determinado local, precisamos considerar o ambiente acústico e sua percepção social ao mesmo tempo. 

Os métodos de avaliação da paisagem sonora geralmente utilizam uma abordagem qualitativa e sintética, semelhante à avaliação musical. A aplicação desse conhecimento no design é, portanto, muito diferente em comparação com abordagens analíticas de engenharia em acústica de salas ou controle de ruído. 

Os estudos de paisagem sonora se tornaram muito populares durante a última década graças a uma melhor compreensão entre arquitetos e acústicos. No entanto, é dada uma atenção muito limitada à percepção de pessoas com habilidades sensoriais diversas.

A bioacústica, arte e educação

O que é a bioacústica.

A bioacústica é uma linha de pesquisa dentro da biologia e hoje ela abrange as neurociências, fisiologia, ecologia, matemática, musicologia, linguística, etologia e taxonomia.

A bioacústica estuda a emissão de sons pelos animais com finalidade de comunicação e ainda ruídos gerados por seres vegetais, as vibrações e sons, audíveis ou não aos seres humanos, de origem natural ou provenientes de perturbações causadas por atividades humanas.

Atualmente, pesquisadores têm se dedicado não apenas aos estudos envolvendo a emissão, recepção e percepção de ondas sonoras por organismos vivos, mas também à compreensão das paisagens sonoras como um todo. Recentemente, surgiu uma nova área de pesquisa que integra a bioacústica, a ecologia e também a biologia da conservação, ela é chamada de Ecologia Acústica ou Ecoacústica.

Os sons formam uma trama, uma rede, uma tessitura à nossa volta. Podemos não perceber, mas estamos o tempo todo imersos nos estímulos acústicos. Quando nos atentamos ao mundo sonoro, podemos perceber certos padrões e ritmos em diversas escalas, únicos a cada local do mundo.

 

Do coral das aves que acorda antes da alvorada e segue até o começo da manhã, ao silêncio que se segue durante as horas mais quentes do dia, a chegada dos sons dos insetos durante a tarde e noite a dentro, o intenso coaxar dos sapos no crepúsculo, o som de um rio, que em dias de chuva se torna mais caudaloso, o som do vento ao passar pelas árvores.

Os primórdios da música

O ser humano é capaz de produzir uma infinidade de sons e, de forma intrigantes, podemos presumir ainda que a música existe na nossa espécie há mais tempo que a linguagem. Ao investigarmos a história da música na espécie humano, notamos flautas pré-históricas encontradas na Europa entre 40.000 e 53.000 anos atrás, e provavelmente manuseadas por ancestrais neandertais. Ainda em relação ao homem.

Os sons permeiam o nosso cotidiano e, portanto, tem potencial para serem explorados no desenvolvimento dos sentidos, suporte para matérias de diferentes níveis e comoção para mudanças positivas frente à percepção e conservação do meio ambiente.

O som na educação

A bioacústica pode ser implementada de inúmeras formas na educação: nos conteúdos de ciências e biologia, especialmente na educação ambiental: na disciplina de física, com inúmeros exemplos de como os animais se utilizam das características físicas do seu meio para se comunicar; no estudo dos sentidos, inclusive na ausência deles. O som é um tema da arte, da música, da produção audiovisual, dos jogos digitais.

A bioacústica e a paisagem sonora oferecem temas e perguntas transversais, capazes de juntar a ciência e o cotidiano, a física e a biologia, a história e a sociologia, a saúde e o bem estar, a arte e a matemática, a tecnologia e a transformação social. O som, na educação, é tanto conteúdo quanto meio.

 

Inerente a si, a bioacústica apresenta esse caminho para aprender a ouvir, o poder de despertar individualmente e coletivamente aquela escuta crítica da qual Paulo Freire tão belamente falava, e estendê-la, para além das nossas vozes humanas, para as vozes dos seres que nos cercam, e até para a voz da própria Terra em seus belos ritmos e, mais que isso, reverter a cacofonia que criamos, dando espaço para que os outros seres voltem a povoar a paisagem sonora do mundo com suas vozes, para possamos novamente afinar nossa audição e admirar a grande orquestra da natureza.

Este post cita trechos do livro Metodologias Ativas – Editora Ducere Convicções, Capítulos X e XI

O Caminho

Vivemos numa sociedade regida pela visão. O culto a visão está sem controle.

Tudo começou com a popularização da televisão de tubo nos anos 30 e foi revolucionado pelos smartphones em 2008. O vício visual vai além dos cristais líquidos, hoje, num concerto de música, a plateia é hipnotizada por centenas de luzes estrábicas que fazem piruetas intermináveis. Por onde andamos vemos projeções, vemos telas, leds, câmeras. O espelho virou self e o real foi aumentado ou virtualizado.

Hoje, enxergamos muito e ouvimos muito e escutamos pouco.

A Revolução Industrial foi o gatilho do processo de auto dessensibilização da audição humana. A criação da máquina a vapor, os teares industriais e o maquinário pesado. A rede elétrica com um zunido frequente quando foi criada ainda vive no ruído do ar condicionado presente na vida ordinária.

Como era escutar o centro de uma grande cidade no século XVI? E como é atualmente? O ruído das cidades, das fábricas, dos transportes, dos shoppings e de outras fontes sonoras contribuíram para não prestarmos atenção no som ao redor.

O vício em telas somado à poluição sonora resulta numa vida sob stress.

Como a arte pode ajudar?

Há pesquisas que afirmam que batimentos cardíacos do ser humano diminuem de ritmo quando estão em contato com a natureza. Passear pela floresta, descansar numa praia ou debaixo de uma árvore, estes pequenos atos de ter a natureza como parceira aliviam até a pressão sanguínea. A principal teoria da natureza como calmante se baseia em estudos sobre a memória genética. Podemos deduzir também da teoria da evolução de Darwin. O homo sapiens moderno possui 160 mil anos. Digamos que há cinco mil anos, nós criamos as primeiras megalópoles de pedra e nos mudamos para lá. Ou seja, nos últimos 155 mil anos, nosso corpo foi desenvolvido para sobreviver imerso à natureza.

E para quem já passou um dia numa cachoeira, não é preciso cientistas para nos dizer que a sensação após esta experiência é de calma e relaxamento.

O objetivo da Natureza Sônica é re-sensibilizar as pessoas por meio do som. É ensinar que a natureza influencia diversas camadas de nosso inconsciente e que ela somada a música e tecnologia, tem o poder de alterar nosso estado físico e mental.

Áudio Espacial – O futuro do som

O áudio espacial é um formato de som de 360 graus, ou em três dimensões que recria um efeito de som surround através de alto-falantes ou fones de ouvido.

Minha primeira experiência com áudio espacial foi na Universidade de Artes de Tóquio em 2010, quando o professor apresentou gravações das ondas do mar num sistema de som 3D dentro da sala de aula. Haviam 30 alto-falantes ao redor e no teto da sala. O som da onda crescia na minha frente e quebrava atrás de mim. Ele apagou a luz e, depois de 10 minutos, eu senti o cheiro de sal e umidade do mar (sem nenhum mar por perto).

Eu afirmo, por experiência própria, que o som espacial(bem feito) recria qualquer ambiente acústico. Esquecemos que também ouvimos com a pele, o maior órgão humano. A onda sonora é uma pressão que sentimos pelo corpo, e que na maioria das vezes, processamos em nosso inconscientemente.

Natureza Sônica no Youtube

Natureza Sônica é um projeto desenvolvido para apreciar os sons da natureza, proporcionando calma e paz aos ouvintes. Hoje em dia, as pessoas procuram conteúdo de áudio e vídeo para ajudá-las a dormir e relaxar. Existem canais no YouTube com milhões de visualizações apenas com o som da chuva ou perto de um rio. O ASMR deu uma nova visibilidade aos efeitos sonoros.

O som da natureza desperta uma sensação de calma e traz paz interior. A Natureza Sônica é feito a partir de belas paisagens capturadas por uma câmera de alta definição, estática no nível dos olhos, apenas filmando o vento balançando as folhas. A paisagem sonora é gravada por um microfone 3D, que captura o som de todas as direções.

O áudio é mixado em um formato binaural, onde o usuário pode ter uma sensação espacial usando fones de ouvido. O vídeo também mostra caixas de pop-up que identificam qual animal está vocalizando naquele momento. A pessoa aprende os nomes daquele animal específico e relaxa ao mesmo tempo.

Natureza Sônica Ao Vivo

A Natureza Sônica ao vivo a principal linha de frente do projeto. Como dito anteriormente, nós ouvimos por todo nosso corpo, neste formato, caixas de som são espalhadas por todo ambiente com objetivo de simular o máximo de exatidão acústica de uma paisagem sonora natural. São normalmente 70 canais de áudio por apresentação, sincronizados por um mix de tecnologias de som espacial e por um software criado por mim especialmente para este projeto.

 
nada-brahma

E no início era o verbo

En archên en ho lógos

No princípio era o verbo, está escrito no Evangelho de São João. “No princípio era o OM” dizem os tibetanos. Quando o som humano adquire um significado compreensível, ele se transforma em palavra. Kandinsky descobriu que “a palavra é o som interior”. Jean Gbser disse que “na medida em que nos aproximamos da estrutura mágica, as imagens desaparecem…só resta um meio de nos aproximarmos delas: o som. 

Representação do OHM

O linguista Arnold Wadler disse o seguinte: “O Começo do Evangelho de São João, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus”, significa uma verdade totalmente real para os homens antigos, pois estes ainda estavam conscientes da natureza e da origem da palavra.

No livro Gênesis lemos “E Deus disse…” A palavra dita por Deus foi luz. “E fez-se a luz”

A palavra “luz” e as palavras som e logos remontam à mesma raiz primordial: 1-e-g.
Eis algumas inúmeras palavras que provêm dela: luz, Licht, Logos, lychne, lucere(brilhar), lex(lei), lesen(ler) o grego legein (fala, ler, contar) que, por sua vez se tornou a raiz da palavra religião, religio. 

O que fazemos aqui corresponde a um conhecimento que existe em toda história da humanidade desde Confúcio até Goethe. Segundo o monólogo Sukie Colegrave, Confúcio achava que embora as palavras contenham o autêntico significado que reflete as verdades absolutas do universo, a maioria das pessoas perdeu o contato com essas verdades e, portanto, usa a linguagem de acordo com suas próprias conveniências. Ele percebia como isso provocava pensamentos errôneos, julgamentos falsos e ações confusas, o que, finalmente, fazia com que “as pessoas erradas alcançassem o poder político”.

Embora provenha de uma fonte linguística diferente, o seguinte exemplo também flui em meio à corrente deste capítulo. A palavra latina cantare em geral é traduzida por cantar. No entanto, seu significado original era “fazer magia, criar através da magia”.

Podemos perceber a transmutação que deve ter ocorrido em algum lugar do tempo. No processo de fazer magia através dos sons primevos criando metamorfoses através dos sons, o homem musicalizou esses sons, ele cantou. Carmen, a poesia, originalmente significava “fórmula mágica”e, ainda atualmente, tem esse significado em muitas culturas.

Os índios huichol do México usam a palavra espanhola cantor para indicar o “mago”, o xamã, levando assim a palavra de volta à sua origem latina. Obviamente, ouviram a linguagem e captavam o significado primitivo de suas palavras. 

As palavras “poeta”, “cantor” e “mago” remontam à mesma raiz linguística, não só em latim mas também em muitas outras línguas. Com bastante frequência, elas tem o mesmo significado, o que é bastante compreensível, se considerarmos a principal ferramenta dos magos, ou seja, mais precisamente, a linguagem ou, mais exatamente, a palavra. Mais do que poções mágicas ou encantamentos, mais do que gestos ritualísticos e ervas, é uma simples palavra que cria a magia. Em geral, não se trata de uma sentença completa, mas de uma única palavra que se torna eficaz como um som ou um mantra. Desse ponto de vista, inclusive, o som possui uma verdadeira força, nas religiões mundiais, como logos e mantras: para os magos e xamãs, como uma palavra mágica ou fórmula de magia…

 

Como dissemos, tudo isso é verdadeiro para todas as línguas e famílias de palavras. Por exemplo, a palavra alemã “name” (nome) com todos os seus derivados. Também na raiz totalmente diferente cantare, está a força criativa, modificadora e “mágica” da palavra Nam, em última análise, em hebraico não significa apenas “falar”, mas também a proclamação solene de um oráculo Nabha e Nawa designando a palavra profética, a visão criativa. Numen, em latim, não só significa o signo celestial, mas também se refere ao destino humano modificado, “numinoso”, escrito no céu. Na antiga língua eslava, nebo significava céu. E até mesmo Edda, o antigo poema épico germânico, encontramos nefna, que não só significa “nomear” mas também “proclamar solenemente”. A sílaba seminal nam, nef, num aparece em línguas do Extremo Oriente, mais precisamente na palavra nemustu do budismo japonês, o “nome do Buda”. Nesse contexto, a palavra significa exatamente aqui de que estamos falando aqui: o nome que invoca o Buda. Pronunciar o nome divino basta. A palavra tem esse poder, principalmente se acompanhada da expressão Buddha – Butsu.

 

Também nos homens modernos resta um pouco de consciência quanto ao fato de um “nome” não designar apenas como alguém se chama: dar um nome a alguém é um ato significativo e misterioso, algo criativo. Seria difícil descobrir um pai ou uma mãe que de fato não se importassem se a filha se chama Maria ou Sabine ou que tenha qualquer outro nome. Há resquícios desse fato no ato do batismo. Se, contudo, interpretarmos o nome racionalmente, veremos que ele só tem a função de distinguir uma criança da outra. No entanto, seja como for, o nome parece ter um significado mais profundo: atualmente poucas pessoas sabem do que se trata, mas os pais sentem sua influência quando, a cada novo nascimento, surge a questão de batizar o filho e este é um assunto sério: Como vamos chamar nosso filho.

O som faz parte da criação do humano, ele perpassa gerações e culturas. Hoje, na sociedade ocidental, ele perdeu importância, não por a toa, as relações humanas se tornaram rasas e fúteis. Redescobrir o sentido do som do ponto de escuta espiritual é seguir o caminho nesta nova revolução, já iniciada.

Este post cita textos do livro Nada Brahma de  Joachim-ernst Berendt.

fantasound06

Fantasound

O som espacial contemporâneo

O som estereofônico não esperou pelo surgimento do Dolby Stereo (1975) ou sua popularização com o lançamento de Star Wars (George Lucas, 1977) para aparecer nos cinemas. Em 1940, uma tecnologia de reprodução de som chamada Fantasound, especialmente criada para o filme de animação Fantasia, já havia introduzido o conceito. Aqui está uma retrospectiva desse feito.

Engenheiro de som instalando os falantes para reproduzir a trilha sonora de Fantasia em 1940. – Creative Commons License

 

A criação do Fantasound vem de duas aspirações aparentemente contraditórias, mas indissociáveis. É devido à confluência de dois campos: de um lado, o universo popular do entretenimento visual; de outro, o microcosmo da música clássica. Essa associação, que parece incomum à primeira vista, é precursora dos blockbusters contemporâneos.

Esse princípio influenciaria Stanley Kubrick em 1968 para o filme 2001, Uma Odisseia no Espaço. Também prenunciou, entre outras coisas, a futura colaboração entre George Lucas e John Williams (que se inspiraria em Mendelssohn, Tchaikovsky e Wagner) para a criação da trilha sonora de Star Wars IV: Uma Nova Esperança.

 

Entreter e aprimorar, fundir o ordinário com a complexidade, esses são os fundamentos do Fantasound. Uma filosofia que está em parte na origem da cultura pop e sem a qual a experiência cinematográfica oferecida por nossos sistemas de home theater Dolby Atmos e DTS:X com pipoca provavelmente não existiria hoje.

 

Fantasound, ou o encontro entre Disney e Stokowski Em 1937, Walt Disney era uma estrela incontestável no mundo da animação e estava se tornando cada vez mais famoso. Depois de triunfar com Mickey, Donald e companhia, o artista estava se preparando para lançar sua versão de Branca de Neve e os Sete Anões, um sucesso global em andamento. No verão de 1937, o criador foi ao seu restaurante favorito em West Hollywood. Sozinho em sua mesa, ele avistou o maestro polonês Leopold Stokowski nas proximidades. Na época, essa figura proeminente da música clássica, conhecida por seus shows sofisticados e animados, estava regendo a Filarmônica da Filadélfia há 25 anos. As duas celebridades reconheceram vagamente uma à outra e acabaram conversando.

 

Quando Walt Disney mencionou a Stokowski que havia acabado de comprar os direitos do poema sinfônico O Aprendiz de Feiticeiro (Paul Dukas) e queria usá-lo em um curta-metragem, o maestro aproveitou a oportunidade: ele se ofereceu para reger a gravação da trilha sonora gratuitamente. O projeto se revelou muito interessante. Primeiro, permitiu que Disney se beneficiasse da notoriedade e experiência técnica de Stokowski. Em segundo lugar, deu a Stokowski a oportunidade de se inserir sutilmente em Hollywood. Disney aceitou. Dois grandes feitos nasceram de sua colaboração: o filme experimental Fantasia e seu sistema de som estereofônico chamado Fantasound, algo inédito na época.

Mickey Mouse congratulando Leopold Stokowski. Digital Image. “Fantasy, 1940” Film For Life. http://www.filmforlife.org/2016/06/59500/.

A gênese do Fantasound logo após o encontro no restaurante, Walt Disney começou a produção de O Aprendiz de Feiticeiro. Stokowski juntou-se a ele em Los Angeles em janeiro de 1938 para a gravação da composição de Dukas. O maestro rapidamente selecionou 25 músicos e a música foi gravada em menos de 3 horas. Empolgado com essa nova experiência, Stokowski decidiu prolongá-la. Antes de deixar Filadélfia, ele levou a maioria das partituras de seu repertório clássico consigo. Foi assim que ele abordou Disney com a ideia de expandir o projeto para um longa-metragem. Disney viu a possibilidade de realizar seu sonho de ir além do entretenimento para se tornar um artista legítimo. O projeto foi iniciado.

Premier da Sinfonia No. 8 em Eb Mahler, com a Orquestra da Filadélfia conduzida por Leopold Stokowski. Creative Common License

 

Logo, Bach (Toccata), Tchaikovsky (Suíte O Quebra-Nozes), Stravinsky (A Sagração da Primavera), Beethoven (Sinfonia Pastoral) e Schubert (Ave Maria) foram adicionados a Dukas. Originalmente intitulado The Concert Feature, o título do filme foi alterado para Fantasia. Em uma espécie de folie de grandeur, Walt Disney convidou inúmeras celebridades, incluindo o escritor Thomas Mann, para apresentar o esboço do que ele sentia que seria sua obra-prima. 

 

Fantasound, uma combinação de genialidade e excesso.

A parceria entre Disney e Stokowski mostrou-se frutífera. Os dois homens compartilhavam uma predisposição para a extravagância e o avant-garde. Quando o projeto começou, Stokowski já vinha experimentando com som estereofônico há vários anos. Ele participou das primeiras gravações dedicadas em 1932 e da transmissão ao vivo de som multicanal à distância em 1933. Melhor ainda, em 1937 ele gravou uma trilha sonora de várias faixas para o filme “Cem Homens e uma Menina”. Seu conhecimento foi inestimável. Com Fantasia, Walt Disney buscava criar uma nova experiência em que a música fosse tão importante quanto a imagem. Desapontado com o espectro limitado e a baixa qualidade do padrão mono da época, o produtor queria que o público desfrutasse de uma experiência sonora imersiva. Ele queria que se sentissem como se estivessem assistindo a um concerto real de seus assentos no teatro.

 

Um visionário insaciável, Disney exigia que Fantasia fosse inovador tanto artisticamente quanto tecnicamente, mesmo que isso significasse exagerar. A partir daí, nada era bom demais para seu novo filme. O produtor planejava desenvolver novas técnicas de projeção e difusão de som. Tecnologias como um novo formato de projeção (proporção 2.20:1, posteriormente usado em 1959 para “A Bela Adormecida”), 3D estereoscópico, som estereofônico, sombras de vassoura nas paredes do teatro e até mesmo a difusão de um aroma para ilustrar o segmento das flores (Suíte O Quebra-Nozes) estavam sendo consideradas. Entre todas essas experiências, apenas o sistema de som Fantasound foi mantido.

A criação do Fantasound em maio de 1939, as gravações (em oito e nove faixas óticas) produzidas por Stokowski e pela Orquestra da Filadélfia foram concluídas. Foram necessários 42 dias, 33 microfones dispersos por toda a orquestra e 145 km de fita. Em seguida, Disney entrou em contato com a RCA para desenvolver o novo sistema estéreo. O objetivo era poder transmitir seis faixas de som simultaneamente.

Time de engenheiros da Disney no porão da Orquestra da Filadélfia trabalhando no filem Fantasia em 1939. Creative Commons license



Para tornar essa ideia uma realidade, os engenheiros trabalharam em um sistema de áudio imersivo que era inédito na indústria cinematográfica. Para isso, eles tiveram que superar uma série de desafios complexos. Em particular, eles tiveram que contornar as limitações dos sistemas de som mono (faixa dinâmica limitada, compressão, distorção, ruído indesejado…). Todos esses obstáculos tornam impossível reproduzir com precisão música sinfônica. Disney queria usar efeitos sonoros em paralelo com a gravação orquestral, então o desafio era criar um sistema que integrasse simultaneamente várias fontes de áudio.

Os estúdios Walt Disney finalmente desenvolveram um processo de som multicanal, o conhecido Fantasound. Esse processo inovador incluía som surround e era baseado em uma configuração específica de alto-falantes (alto-falantes frontais, laterais, traseiros e de teto…). Essa montagem meticulosa permitia que o som viajasse em várias direções e isolasse rigorosamente os instrumentos, com controle preciso de volume dos instrumentos na faixa dinâmica. Uma disposição muito semelhante à encontrada nos modernos sistemas de home theater.

Para isso, música, diálogo e efeitos sonoros tinham cada um uma faixa dedicada pela primeira vez, em vez da faixa única anterior. Apenas três faixas (e uma quarta faixa de controle) das oito originais foram realmente mantidas na mixagem. A faixa de controle foi usada para ajustar automaticamente o nível de volume das três principais faixas (música, voz, efeitos). Durante a projeção, as quatro faixas impressas no filme de 35mm eram sincronizadas com um filme Technicolor separado.

Walt Disney com o crítico de música Deems Taylor e o maestro Leopold Stokowski durante a produção de Fantasia em 1939. Creative Common License

 

Para testar as instalações do Fantasound nos cinemas, o estúdio Disney adquiriu oito osciladores Modelo 200B da dupla composta por William Hewlett e David Packard, tornando a empresa de Mickey um dos primeiros clientes da Hewlett-Packard.

Inovações do Fantasound Graças a essas inovações, o espectador podia sentir a ação e experimentar a história do filme como nunca antes. O som viajava de um lado da tela para o outro, acompanhando os movimentos de um protagonista. Uma revolução possibilitada por uma rede de junção diferencial de três circuitos, chamada de “pan pot” (potenciômetro panorâmico).

O método Fantasound de gravação e reprodução de faixas abriu novas possibilidades. O resultado foi uma flexibilidade sem precedentes. Os alto-falantes eram capazes de reproduzir a distribuição natural da música. A metade esquerda da orquestra podia ser ouvida nos alto-falantes à esquerda do palco. A metade direita do grupo musical nos alto-falantes à direita do palco, e assim por diante. Além disso, os alto-falantes centrais proporcionavam um efeito de profundidade ou de close-up no palco sonoro. Por exemplo, para enfatizar os instrumentos solos. Ou para destacar qualquer outro elemento que ocupasse o primeiro plano (protagonista, efeitos sonoros…). Um conceito que se tornaria um marco e inspiraria muitas tecnologias modernas. É claro que entre estas estão aquelas desenvolvidas pela Dolby (Dolby Digital, Dolby Atmos…).

No entanto, o sistema Fantasound, além de ser caro, exigia logística muito precisa. Vários engenheiros de som e técnicos tinham que estar presentes em cada exibição. Isso implicava até mesmo uma colocação muito precisa (e limitada) dos espectadores para que eles pudessem aproveitar plenamente. Essas restrições frustraram as ambições de Walt Disney. Como era muito caro distribuir, o filme foi exibido algumas vezes nos cinemas americanos. 

O Fantasound também exigia que algumas cadeiras fossem removidas para posicionar os alto-falantes de forma ideal. Algo que era difícil de considerar em uma época em que os cinemas tinham apenas um único alto-falante instalado atrás da tela. 

O surgimento e queda do Fantasound Além de estar à frente de seu tempo (possivelmente muito à frente), o Fantasound assumiu proporções gigantescas. Tanto é assim que representou quase um quarto do orçamento de Fantasia (US$ 2,2 milhões). Uma quantia enorme na época. Infelizmente, o sucesso do filme não esteve à altura do feito técnico e seu impacto foi limitado. Perfeccionista ao extremo durante a criação do filme, Walt Disney teve que encarar o fato de que seu sonho não se tornaria realidade.

Poster promocional de Fantasia em 1963 quando foi lançado em SuperScope

 

Apesar do reconhecimento crítico significativo, o público não lotou os cinemas, pois foram desencorajados pela novidade de Fantasia. Seriam necessários relançamentos para que os espectadores redescobrissem e se encantassem com o longa-metragem (nas décadas de 50, 60 e 90). Além disso, a guerra que assolava a Europa afetou consideravelmente os planos dos estúdios Disney. Outro revés: uma vez que a RKO foi autorizada a distribuir Fantasia em 1941, ela se apressou em remixar a trilha sonora em mono. Pensando apenas em limitar as despesas de exploração do filme, o distribuidor sabotou a visão de Walt Disney.

Para a estreia de Fantasia em 13 de novembro de 1940 em Nova York (Teatro Broadway), foram colocados 36 alto-falantes atrás da tela. Outros 54 alto-falantes foram colocados ao redor das poltronas da orquestra e do balcão. Os poucos selecionados que compareceram à estreia descreveram uma experiência cativante. E com razão: o som era muito mais poderoso e elaborado do que nos filmes convencionais. Essa novidade era ainda mais impressionante considerando que os filmes sonoros haviam sido exibidos nos cinemas há pouco mais de uma década.

Dependendo dos recursos dos cinemas e teatros que projetavam o filme, entre 30 e 90 alto-falantes foram implementados. Colocados atrás da tela, nas bordas do salão e no teto, eles exigiram um gasto médio de US$ 85.000 (US$ 1,5 milhão hoje em dia). Em cada caso, a instalação envolvia uma configuração precisa realizada pelos engenheiros da Disney. Uma operação meticulosa que, infelizmente, não proporcionava exatamente a mesma experiência em cada exibição. Com tantas despesas, Fantasia não obteve lucro em seu lançamento inicial.

Esse fracasso não impediu que Walt Disney, o engenheiro de som William Garity, o mixador John N.A. Hawkins e a RCA Manufacturing Company ganhassem um Prêmio Honorário da Academia em 1942 por seu uso do som em filmes. Graças ao Fantasound, Fantasia também foi o primeiro filme comercial a ser lançado com várias trilhas sonoras (quatro).

O legado do Fantasound Disney foi a vanguarda de uma revolução, muito antes da era de ouro do som estéreo. Uma anomalia técnica e artística, quase futurista para a época, cujo esplendor foi igualado apenas por sua efemeridade. Somente com o lançamento espetacular de Star Wars (1977) é que ele ressurgiu.

O legado do Fantasound Disney foi o líder de uma revolução, bem antes da era de ouro do som estéreo. Uma revolução técnica e artística, quase futurista para a época, cujo esplendor foi igualado apenas por sua efemeridade. Foi somente com o lançamento espetacular de Star Wars (1977) que ele ressurgiu.

Embora tenha sido rapidamente esquecida, a inovação introduzida por Disney e suas equipes graças ao Fantasound é imensa. Ela teve uma influência extraordinária na reprodução de som no cinema. O conceito de áudio implementado em Fantasia ainda é usado hoje nos sistemas de áudio dos cinemas (IMAX, etc.). Ele continua sendo usado até mesmo por indivíduos equipados com sistemas de home theater compatíveis com Dolby Digital 5.1, Dolby Atmos ou DTS:X.

Os cinemas modernos com sistema de som espacial

demo-attachment-738-Group-220

Graphic Design

UI & UX DESIGN

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and

the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my

demo-attachment-741-Group-218

Graphic Design

UI & UX DESIGN

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and

the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my

demo-attachment-597-Group-217

Graphic Design

UI & UX DESIGN

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and

the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my

demo-attachment-746-Group-223

Graphic Design

UI & UX DESIGN

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and

the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian

When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my trees, and but a few …When, while the lovely valley teems with vapour around me, and the meridian sun strikes the upper surface of the impenetrable foliage of my